Esportes individuais

     Os esportes individuais, são os esportes que podem ser competidos individualmente, porém levando em consideração as regras impostas pelas confederações de cada modalidade.


Arco e Flecha

Os povos indígenas usavam muito esse instrumento como arma de guerra. Atualmente, é usado para a caça, pesca e rituais, e tornou-se também uma prática esportiva, sendo disputada entre aldeias e até com não-indígenas.

Na maioria das tribos indígenas brasileiras, o arco é feito do caule de uma palmeira chamada tucum, de cor escura, muito encontrada próxima aos rios. O povo Gavião, do Pará o confecciona com a madeira de cor vermelha chamada aruerinha. Os povos do Xingu utilizam o pau-ferro, o aratazeiro, o pau d'arco e o ipê amarelo. Os índios do alto Amazonas usam muito a pupunha, e as tribos da língua tupi são as únicas que, às vezes, utilizam a madeira das palmeiras. O padrão do tamanho do arco obedece à necessidade de seu uso, de acordo com a cultura de cada povo.

A flecha é feita de uma espécie de bambu, chamada taquaral ou caninha. A ponta é feita de acordo com a tecnologia de cada etnia. Há aquelas flechas mais longas e as pontas tipo serra, muito usada para a pesca. Outras pontas são feitas com a própria madeira da flecha. Alguns povos colocam ossos e mesmo dentes de animais. Há outras flechas praticamente sem ponta, mas com uma espécie de esfera (coquinhos), usada na caça aos pássaros. O objetivo é abater a ave e evitar ferimentos na pele ou danos às plumas e penas. Há também um outro armamento semelhante ao arco, em que se arremessa pedra, chamada bodoque.

A prática como esporte

A primeira atividade no âmbito esportivo intertribal que se tem notícia ocorreu em 1997, no I Jogos dos Povos Indígenas, realizado em Goiânia. A iniciativa, idealizada pelo índio Carlos Terena, resultou do patrocínio do Ministério dos Esportes e da parceria com o governo do Estado de Goiás do Comitê Intertribal e o apoio da FUNAI. Nessa primeira edição dos Jogos Indígenas foram usadas as flechas cedidas pela organização dos jogos, não havendo um grande aproveitamento na precisão dos lançamentos. Nos outros jogos que se seguiram nas cidades de Guaíra-PR (1999) e Marabá-PR(2000), cada competidor trouxe os seus próprios arcos e flechas.

Segundo Terena, "ao trazer seu próprio equipamento, o atleta aprimorou sua demonstração e possibilitou o uso mais apurado, pois sendo um objeto de uso pessoal, permitiu o exercício da técnica de cada guerreiro ao retesar a corda, na calibragem da flecha e na habilidade de seu lançamento".

Terena explicou que a variedade de arcos e flechas ganha um único objetivo que é o alvo. Para associá-lo às culturas, os índios se reuniram e resolveram decidiram que o alvo seria o desenho de uma anta, muito caçada tanto no centro-oeste e no sul (I Jogos, em Goiânia e II, em Guairá, no Paraná). Em Marabá, onde os Jogos foram realizados na beira do rio Tocantins, praia do Tucunaré, os indígenas optaram pelo desenho de um peixe, o tucunaré, abundante nos rios da região.




A Ciência dos Lutadores de Elite
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Há muito tempo que é notória dentre especialistas do Treinamento Desportivo a distinção entre os atletas de elite e outros lutadores de nível iniciante ou intermediário. A principal característica para um atleta ser considerado de elite é a classificação frequentemente “no pódio” entre os três primeiros lugares em competições regionais, nacionais e internacionais.


Atualmente foi incorporada mais uma divisão. Nela, são distinguidos os atletas de elite de um grupo “novo”: os considerados de superelite. São considerados lutadores de superelite os atletas classificados somente em primeiro lugar em competições relevantes e oficiais.

Já se sabe por meio de estudos que os lutadores de superelite possuem características técnico-táticas superiores que os difere dos atletas classificados em segundo e terceiro lugares. Verificou-se que todos os atletas tinham aptidão física elevada, de modo que ter excelente preparo físico está no bojo do alto rendimento. No entanto, somente isso não garantia a presença no lugar mais alto do pódio. Assim, pode ser que existe algo a mais para somar à capacidade técnico-tática: condição psicológica ideal para o alto rendimento.

Partindo da premissa de que o atleta já está no grupo de elite, como conseguir melhorar ainda mais a performance para que ele consiga chegar no topo do esporte e faça parte do seleto grupo dos superelite? As quatro sugestões que seguem não encerram a discussão sobre o tema; contudo, podem auxiliar atletas, técnicos e outros profissionais responsáveis pelo preparo dos atletas. Vejamos:

Prática deliberada: Treinar os golpes e praticá-los facilita muito quando determinadas condições são cumpridas. Atletas de elite treinam mais do que os iniciantes e intermediários, mas conseguir os melhores resultados exige qualidade, não apenas maior quantidade de horas de prática. Para a prática produzir mais resultados, o lutador deve primeiro ser motivado a participar da tarefa e também estar trabalhando ativamente para melhorar o desempenho.

Também é fundamental que receba respostas imediatas e específicas (feedback) sobre seu esforço, baseando-se na premissa de que repete determinada tarefa planejada mais de uma vez para poder verificar a evolução. A prática deliberada exige que você mantenha o foco, monitore e, se necessário, modifique seus comportamentos para melhorar sua habilidade.

Treinamento para o alto rendimento: De modo geral, técnicos (Sensei, Professor ou Mestre) mais graduados tendem a ter níveis mais elevados de conhecimentos específicos da modalidade e planejam sessões práticas com mais cuidado. Costumam ter conhecimento aprofundado das táticas, técnicas e aspectos gerais podendo ajustar o tipo de ensino às necessidades do lutador (e de seu nível de habilidade). Com os atletas de elite, tendem a direcionar a maior parte do tempo discutindo detalhes táticos em vez de rever fundamentos básicos.

Alguns cientistas, após estudar diversos treinadores de atletas de elite e superelite, concluíram que o planejamento meticuloso da prática é uma característica relacionada à expertise e especialização do treinador. Foi constatado que os treinadores de atletas de superelite investiam mais tempo no planejamento e eram mais precisos em suas metas e objetivos para a sessão de treinos livres (Sparrings – MMA; “rola” – Jiu-Jítsu e Submission) do que os treinadores dos atletas classificados em segundo e terceiro lugares.

Acompanhamento multidisciplinar: A formação de um atleta de elite ou superelite exige avaliações sistemáticas e contínuas de todos os requisitos necessários para o alto rendimento. Dentre eles, destacam-se os componentes técnico, tático, físico, psicológico, médico e alimentar. O MMA abriga dia após dia novos praticantes, mas muitos atletas e academias não estão preparados (estrutura) para a excelência na formação de um atleta de elite. No Brasil, celeiro dos maiores atletas, as dificuldades são compensadas pelas habilidades técnico-táticas e pela mitológica capacidade de persistir e resistir dos brasileiros. Muitos com pouca infraestrutura conseguiram a duras penas entrar para o grupo de elite ou superelite. Contudo, tudo poderia ser bem mais fácil se contassem com acompanhamento multidisciplinar.

Muitos atletas norte-americanos, australianos, canadenses, japoneses e europeus contam com apoio de psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, médico, etc. Com toda certeza esse fato facilitou a ascensão meteórica de muitos estrangeiros no MMA. Diversos atletas de elite dos eventos norte-americanos UFC e Strikeforce, realizam ou já realizaram treinamentos assessorados por cientistas de centros de excelência como o Olympic Training Center e o Instituto Australiano de Esportes.  Além desses, temos conhecimento de que instituições militares norte-americanas apóiam incondicionalmente atletas-militares que participam de eventos de MMA. Em todas essas instituições e centros, o atleta é avaliado em cada área. É monitorado e seu planejamento competitivo é modificado dentro de um plano de longo alcance para estar em nível ideal nas datas específicas das competições.

Ambiente de treinamento: Se o lutador viver sob vigilância constante sobre todos os aspectos de sua preparação e vida pessoal – com pressão implacável para ser bem sucedido – pode ser alocado em um ambiente muito estressante rapidamente. Atletas, treinadores e outros profissionais responsáveis pelo preparo dos lutadores devem ficar atentos sobre o “clima” do ambiente de treinamento.

Estudos indicam que os atletas acreditam que o treinador é a principal força na criação do clima motivacional. Verificou-se que os atletas de superelite tendem a preferir e responder melhor a um clima motivacional que enfatiza o domínio (aprendizagem, aquisição de competência física e/ou técnico-tática) do que o desempenho (resultados, ganho de competições). Os atletas nesse nível de excelência devem ser cercados por outros indivíduos que compartilham de seu compromisso com a aprendizagem de alto nível. Eles querem ser desafiados, mas também querem apoio, amizade. Afinal, é difícil se concentrar inteiramente nos treinamentos quando se está inseguro sobre a estabilidade de seu relacionamento amoroso, familiar ou situação financeira.